O carbono é o elemento químico
característico dos compostos orgânicos e só faz partes deles, pois passa
continuamente da natureza aos corpos orgânicos, e dos seres vivos à natureza. É
encontrado na atmosfera na forma de gás, oriundo da respiração dos seres vivos,
circulando em um processo conhecido como “ciclo do carbono”.
ORIGEM E DESTINO DO CARBONO RESULTANTE DAS ATIVIDADES DOS SERES VIVOS
Esse ciclo consiste, basicamente,
na fixação dos átomos contidos nas moléculas simples de gás carbônico presentes
na atmosfera (CO2), em substâncias mais elaboradas, como carboidratos e
proteínas, através da fotossíntese realizada pelos seres autotróficos.
Como resultado do processo
fotossintético, uma parte dos compostos orgânicos formados é aproveitada para o
metabolismo dos vegetais e o restante serve como fonte de nutrientes para os
herbívoros, onívoros, carnívoros, até os decompositores responsáveis pela
degradação ou reincorporarão da matéria orgânica à natureza.
Um esquema simplificado do ciclo do carbono pode ser resumido assim:
Agora feche os olhos e imagine quantos seres vivos estão à sua volta, comendo, fazendo fotossíntese, morrendo, sendo decompostos, e perceba que esse é um processo muito complexo e dinâmico. Lembre-se também que a devolução de carbono ocorre de maneira contínua durante a vida de todos os seres vivos através da respiração.
Dentre os seres vivos, que comem, respiram e morrem, estamos nós, que utilizamos combustíveis como o carvão mineral e o petróleo, para a realização de diversas atividades do nosso dia a dia e que colaboram consideravelmente com a emissão de gás carbônico no ambiente.
Pode parecer, a primeira vista, que o gás carbônico está presente apenas na atmosfera, mas os oceanos também são grandes reservatórios desse gás e estão em constante troca com a atmosfera liberando e absorvendo CO2. Durante muitos anos os níveis de CO2 permaneceram estáveis, mas com a Revolução Industrial, iniciada no século XIX, novos hábitos provocaram mudanças no ciclo do carbono, quando a
industrialização determinou o aumento nos níveis de consumo e no lançamento de dióxido de carbono na atmosfera.
O gás carbônico é um dos principais poluentes do ar que respiramos resultante da queima de combustível, do carvão e das queimadas nas florestas. Podemos considerar que indústrias, veículos automotores e usinas de eletricidade que utilizam combustível são, portanto, os grandes poluidores da atmosfera, pois além de gerar gás carbônico, seus processos produtivos consomem oxigênio, piorando ainda mais a situação. Mas não podemos esquecer que os animais e as plantas também expelem gás carbônico através da respiração.
O MERCADO
DO CARBONO
Uma vez compreendidos o efeito
estufa e o Protocolo de Kyoto, podemos entender melhor a ideia de se criar um
sistema que tem como principal objetivo compensar a emissão de gases que
produzem o efeito estufa. Este sistema foi concebido através de um programa que
desperta nos países a vontade política de rever os seus processos econômicos
para a redução do aquecimento global.
Na verdade o mercado de carbono se
baseia em um critério chamado adicionalidade, que prevê que qualquer projeto
econômico deverá absorver dióxido de carbono da atmosfera através de
reflorestamentos ou evitar o lançamento de gases do efeito estufa buscando a
eficiência energética.
Para esse fim foi criado um
certificado, emitido por agências de proteção ambiental, que atesta a redução
na emissão de gases do efeito estufa. Essa redução representa um crédito e a
quantidade desses créditos, chamados créditos de carbono, varia de acordo com a
quantidade de emissão de carbono reduzida pela parte interssada. Por convenção uma
tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono.
Outros gases que contribuem para o
efeito estufa também podem ser convertidos em créditos de carbono, e para isso
se utiliza o conceito de carbono equivalente.
O certificado referente aos
créditos de carbono possui valor no mercado financeiro internacional, onde a
redução de gases do efeito estufa passa a ter um valor monetário para conter a
poluição. Muitas ações podem ser realizadas para a obtenção desse certificado,
como o reflorestamento de áreas degradadas, a redução das emissões de gases
resultantes da queima de combustíveis fósseis, a utilização de energia limpa e
renovável, como eólica, solar, biomassa, o aproveitamento para a produção de
energia, das emissões que seriam lançadas na atmosfera, como o metano
proveniente de aterros sanitários, dentre outras práticas.
Quando os países ou suas indústrias
ultrapassam as metas estabelecidas em Kyoto, precisam comprar certificados de
crédito de carbono disponíveis no mercado. Da mesma forma, quando conseguem
reduzir suas emissões podem negociar o excedente nas Bolsas de Valores com
países ou indústrias que estejam precisando de créditos.
Algumas pessoas criticam esses
certificados, pois consideram que eles estimulam países e indústrias a poluir,
mas a intenção para a criação desse certificado é organizar critérios para
neutralizar a emissão de gases poluentes. Além disso, o programa tem como
principal objetivo a diminuição das emissões por parte de países desenvolvidos,
considerados mais poluidores, e o estímulo aos países em desenvolvimento para
que cuidem melhor de suas florestas, mesmo que por estímulo financeiro.
Mesmo com a possibilidade de lucrar
com os créditos de carbono, algumas empresas continuam a destruir as florestas,
talvez por desconhecimento e ignorância, ou por não acreditarem que vale a pena
investir em um mundo melhor, esquecendo que as consequências poderão ser
bastante amargas para todos. Infelizmente em muitos países os governos são
omissos e continuam permitindo ações que ignoram todos os sinais de perigo
dados pela natureza contra a vida no planeta. Pelo menos duas atitudes deveriam
ser prontamente adotadas por todos os governos do mundo: a diminuição em
percentuais das emissões de gases poluentes provenientes das indústrias e dos
transportes, e ações eficazes e enérgicas contra o desmatamento descontrolado
das florestas.
Por tudo que foi considerado aqui, a criação dos créditos de carbono tem papel relevante na conscientização dos países, em suas diversas realidades, mas não será suficiente se não houver o envolvimento de todos os participantes dessa discussão. É fundamental que se envolvam governantes, empresários, cientistas, estudantes, professores, pais, profissionais de todas as áreas do conhecimento, enfim, uma sociedade que seja capaz de discutir como mudar o rumo dessa estória.
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