SANEAMENTO BÁSICO

INTRODUÇÃO
A poluição do meio ambiente é assunto de interesse público em todas as partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo afetados pelos problemas ambientais, como também os países em desenvolvimento. Isso decorre de um rápido crescimento econômico associado à exploração de recursos naturais. Questões como: aquecimento da temperatura da terra; perda da biodiversidade; destruição da camada de ozônio; contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos; a escassez e poluição das águas; a superpopulação mundial; a baixa qualidade da moradia e ausência de saneamento básico; a degradação dos solos agricultáveis e a destinação dos resíduos (lixo) são de suma importância para a Humanidade.
O saneamento básico no Brasil tem sido alvo de crescentes debates, num contexto em que o País sinaliza na direção da retomada do crescimento e desenvolvimento econômico. Infraestrutura adequada e universalidade do atendimento dos serviços de saneamento básico são fatores cruciais para a identificação de desenvolvimento sustentável de um país. Ao se refletir sobre o conceito de desenvolvimento humano, como sendo o direito a uma vida saudável, longa e ao acesso às informações e aos recursos que possibilitem melhorar suas condições de vida, percebe-se que as ações necessárias para produzir tal progresso, por vezes, entram em choque com o conceito de crescimento econômico. Este traz consigo a tendência à exploração dos recursos naturais a um grau e velocidade maiores do que a capacidade de restauração natural que ocorre no ciclo da biosfera.
O problema envolto neste tema é capaz de gerar os mais diversos processos conflituosos, que promovem e estimulam discussões científicas em várias áreas de conhecimento. Logicamente, são debates que, embora possam envolver idéias divergentes entre si, acabam por fornecer sua parcela de contribuição para a definição de soluções.
Quando se percebe que a literatura já existente, de cada área de conhecimento, fornece subsídios para se mapear os problemas, acredita-se mais na possibilidade da determinação das soluções. Assim é que a questão do saneamento básico tem originado demandas cognitivas econômicas, administrativas, jurídicas, financeiras e contábeis, educativas, tecnológicas e computacionais, estatísticas, sociais, médicas, ambientais, biológicas, químicas, geográficas, históricas, sem mencionar o conhecimento eminente de engenharia, indispensável para a constituição dos sistemas essenciais do saneamento básico.
Mas o saneamento básico trabalha, especialmente, com um bem da vida. A água, apesar de ser conceituada, também, sob os mais diversos pontos de vista, acima de tudo e um bem cujas propriedades são essenciais para a existência dos seres vivos. Deste modo, a disponibilidade de água em cada local habitado no planeta é pré-requisito para a continuidade da vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar Salubridade Ambiental. A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional.
No caso do Brasil, o Saneamento Básico apresenta um déficit persistente no atendimento à faixa considerável de sua população. As propostas e sugestões para a minimização deste déficit e melhoria dos serviços são muitas e grande parte delas envolve a participação de empresas privadas.

LEI Nº 11.445, DE 05 DE JANEIRO DE 2007
Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
I - Universalização do acesso;
II - Integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados;
III - Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
IV - Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;
V - Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais;
VI - Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse sociais voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;
VII - Eficiência e sustentabilidade econômica;
VIII - Utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas;
IX - Transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;
X - Controle social;
XI - segurança, qualidade e regularidade;
XII - Contegração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.
SANEAMENTO BÁSICO: CONJUNTO DE SERVIÇOS, INFRA-ESTRUTURAS E INSTALAÇÕES OPERACIONAIS:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
SERVIÇOS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Consideram-se serviços públicos de abastecimento de água a sua distribuição mediante ligação predial, incluindo eventuais instrumentos de medição, bem como, quando vinculadas a esta finalidade, as seguintes atividades:
I - Reservação de água bruta;
II - Captação;
III - Adução de água bruta;
IV - Tratamento de água;
V - Adução de água tratada; e
VI - Reservação de água tratada.
SERVIÇOS PÚBLICOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Consideram-se serviços públicos de esgotamento sanitário os serviços constituídos por uma ou mais das seguintes atividades:
I - coleta, inclusive ligação predial, dos esgotos sanitários;
II - transporte dos esgotos sanitários;
III - tratamento dos esgotos sanitários; e
IV - disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originários da operação de unidades de tratamento coletivas ou individuais, inclusive fossas sépticas.
SERVIÇOS PÚBLICOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Consideram-se serviços públicos de manejo de resíduos sólidos as atividades de coleta e transbordo transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, e disposição final dos:
I - resíduos domésticos;
II - resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, que, por decisão do titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos, desde que tais resíduos não sejam de responsabilidade de seu gerador nos termos da norma legal ou administrativa, de decisão judicial ou de termo de ajustamento de conduta; e III - resíduos originários dos serviços públicos de limpeza pública urbana, tais como:
a) serviços de varrição, capina, roçada, poda e atividades correlatas em vias e logradouros públicos;
b) asseio de túneis, escadarias, monumentos, abrigos e sanitários públicos;
c) raspagem e remoção de terra, areia e quaisquer materiais depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos;
d) desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correlatos; e
e) limpeza de logradouros públicos onde se realizem feiras públicas e outros eventos de acesso aberto ao público.
SERVIÇOS PÚBLICOS DE MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS
Consideram-se serviços públicos de manejo das águas pluviais urbanas os constituídos por uma ou mais das seguintes atividades:
I - drenagem urbana;
II - transporte de águas pluviais urbanas;
III - detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amortecimento de vazões de cheias;
IV - tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas.
A cobrança pela prestação do serviço público de manejo de águas pluviais urbanas deverá levar em conta, em cada lote urbano, o percentual de área impermeabilizada e a existência de dispositivos de amortecimento ou de retenção da água pluvial, bem como poderá considerar:
I - nível de renda da população da área atendida; e
II - características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas.

ATUALIDADES EM SANEAMENTO BÁSICO DISPONIBILIZADAS
PELO CENSO DEMOGRÁFICO 2010
SANEAMENTO BÁSICO
No período entre os Censos Demográficos 2000 e 2010, a infraestrutura de saneamento básico apresentou melhorias no abastecimento de água por rede geral, no esgotamento por rede geral e fossa séptica, e na coleta de lixo dos domicílios. As regiões menos desenvolvidas do País apresentaram crescimentos significativos no período, embora os avanços alcançados na prestação de serviços de saneamento básico não tenham sido sufi cientes para diminuir as desigualdades regionais no acesso às condições adequadas, sobretudo se forem comparados os moradores de domicílios localizados nas áreas rurais com os das áreas urbanas.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
A prestação de serviço de abastecimento de água por rede geral está associada à melhor qualidade de vida dos moradores em domicílios particulares permanentes por representar maior grau de conforto e, por princípio, tratar-se de um fornecimento de água de melhor qualidade.
O crescimento do serviço de abastecimento de água por rede geral ocorreu em todas as Grandes Regiões do País, embora de forma desigual. As Regiões Sudeste e Sul, em 2010, continuaram sendo as que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água (90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com as Regiões Norte e Nordeste que, apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos (54,5% e 76,6%, respectivamente). Em 2000, a cobertura das áreas urbanas que apresentavam domicílios ligados à rede de abastecimento acima de 90% era restrita às Regiões Sudeste e Sul. Em 2010, ela se amplia também para o Nordeste (90,5%) e Centro-Oeste (90,0%). A expansão da rede geral de abastecimento de água se deu de forma significativa em direção às áreas rurais. Na Região Sul, a proporção de domicílios rurais com abastecimento por rede passou de 18,2%, em 2000, para 30,4%, em 2010. Na Região Nordeste, no mesmo período, o crescimento da proporção de domicílios rurais com rede geral foi ainda maior (18,7% e 34,9%, respectivamente). A Região Norte, com a menor proporção de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água em 2010 (54,5%), apresentou um crescimento proporcional, em relação ao ano de 2000 mais acelerado na área rural do que na urbana: na rural foi um aumento de 7,9 pontos percentuais, enquanto no urbano e de 3,7 pontos percentuais.



ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Das condições de saneamento básico, o esgotamento sanitário é o que apresenta o mais longo caminho a ser percorrido para atingir índice satisfatório que possa garantir
melhorias nas condições de moradia e de saúde da população, bem como preservar a qualidade do meio ambiente. No decorrer dos dez anos entre os Censos Demográficos, aumentou a proporção de domicílios ligados à rede geral de esgoto ou com fossa séptica em quatro das cinco Grandes Regiões do País. A Região Norte apareceu como exceção, onde o aumento de 2,0 pontos percentuais na área rural não foi sufi ciente para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas. A Região Sudeste continuou com as melhores condições de esgotamento sanitário, passando de
uma cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010, com maior concentração nos domicílios urbanos nos dois períodos. Segue-se a Região Sul, que passou de 63,8% para 71,5% dos domicílios com esgotamento adequado. A Região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10 pontos percentuais. A despeito da melhoria das condições de esgotamento sanitário, a Região Centro-Oeste tinha pouco mais da metade
de seus domicílios com saneamento adequado (51,5%) e as Regiões Norte e Nordeste apresentaram patamares ainda mais baixos (32,8% e 45,2%, respectivamente). Nessas
regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento sanitário tanto para domicílios urbanos quanto para rurais.




COLETA DE LIXO
Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos Demográficos em todas as Regiões, chegando a 2010 com uma ampla cobertura: a mais abrangente se encontrava na Região Sudeste (95%), seguida da Região Sul (91,6%) e da Região Centro-Oeste (89,7%). As Regiões Norte e Nordeste, que tinham menor cobertura, foram as que apresentaram crescimento mais alto no período, um aumento de 16,6 pontos percentuais e 14,4 pontos percentuais, respectivamente. Nas áreas urbanas de todas as Grandes Regiões, o serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% na Região Norte a 99,3% na Região Sul. Nas áreas rurais do País, o serviço de coleta se ampliou em comparação a 2000, passando de 13,3% para 26,9% em 2010.
Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras no quadro apresentado em 2010, principalmente nas áreas rurais. A difi culdade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais adotada pelos moradores. Essa
alternativa cresceu em torno de 10 pontos percentuais, passando de 48,2%, em 2000, para 58,1%, em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno baldio, que, em 2000, era a adotada por moradores de 20,8% dos domicílios, reduziu-se para 9,1% em 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados conhecidos através deste trabalho, pela revisão necessária para concluí-lo e do conhecimento mais detalhado da lei de saneamento básico como também das diretrizes da lei do saneamento, nos leva a formar um pensamento realista da estrutura de fonecimento dos serviços de saneamento básico no Brasil. Que tem sido alvo de calorosos debates, uma vez que grande parte da população brasileira, especialmente aquela menos provida, ainda não dispõe dos serviços de abastecimento de água e principalmente rede de esgoto. O ponto comum em todos esses debates é que o setor de saneamento básico no Brasil precisa de investimentos sérios, nota-se através dos resultados do censo demográfico IBGE (2010) que são notáveis as melhoras em uma década, mas ainda estamos longe do ideal, do que é digno para uma sociedade.
Sem falar do grande conhecimento gerado, pelo fato de adentramos detalhadamente na questão regimentar ou jurídica desse tema, proporcionando a curiosidade pelo mesmo, que tanto vemos falar, principalmente em críticas, mas que já é possível notar melhorias nesse setor que é primordial para a saúde pública nacional. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, R. T. V. et al. Saneamento. Belo Horizonte : Escola de Engenharia da UFMG, 1995. 221 p. (Manual de Saneamento e Proteção Ambiental Para Os Municípios, 2).
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2004. 408 p. ISBN: 85-7346-045-8.
CORDEIRO, J. S., 2000. Importância do tratamento e disposição adequada dos lodos de ETAs. In: Noções Gerais de Tratamento e Disposição Final de Lodos de Estações de Tratamento de Água (M. A. P. Reali, org.), pp. 1-19, Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, RJ – Brasil. ISSN - 1676-4935 (CD-ROM) ISSN - 0104-3145 (meio impresso), 2011.
METODOLOGIA do censo demográfi co 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2003. 574 p. (Série relatórios metodológicos, 25). Disponível em: . Acesso em: 16 out 2011.
OLIVEIRA, A. L. S de. Saneamento básico no Brasil: limites e possibilidades de atuação do setor privado. Dissertação (Mestrado) – UFBA, 2004. Salvador: A. L. S. de Oliveira, 2004. 97 p. il. tab.

SOARES, S. R. A.; BERNARDES, R. S. & CORDEIRO NETTO, O. M. Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um modelo de planejamento em saneamento. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(6):1713-1724, nov-dez, 2002

Nenhum comentário:

Postar um comentário

free counters