Créditos de Carbono – #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
O carbono é o elemento químico
característico dos compostos orgânicos e só faz partes deles, pois passa
continuamente da natureza aos corpos orgânicos, e dos seres vivos à natureza. É
encontrado na atmosfera na forma de gás, oriundo da respiração dos seres vivos,
circulando em um processo conhecido como “ciclo do carbono”.
ORIGEM E DESTINO DO CARBONO RESULTANTE DAS ATIVIDADES DOS SERES VIVOS
Esse ciclo consiste, basicamente,
na fixação dos átomos contidos nas moléculas simples de gás carbônico presentes
na atmosfera (CO2), em substâncias mais elaboradas, como carboidratos e
proteínas, através da fotossíntese realizada pelos seres autotróficos.
Como resultado do processo
fotossintético, uma parte dos compostos orgânicos formados é aproveitada para o
metabolismo dos vegetais e o restante serve como fonte de nutrientes para os
herbívoros, onívoros, carnívoros, até os decompositores responsáveis pela
degradação ou reincorporarão da matéria orgânica à natureza.
Um esquema simplificado do ciclo do carbono pode ser resumido assim:
Agora feche os olhos e imagine quantos seres vivos estão à sua volta, comendo, fazendo fotossíntese, morrendo, sendo decompostos, e perceba que esse é um processo muito complexo e dinâmico. Lembre-se também que a devolução de carbono ocorre de maneira contínua durante a vida de todos os seres vivos através da respiração.
Dentre os seres vivos, que comem, respiram e morrem, estamos nós, que utilizamos combustíveis como o carvão mineral e o petróleo, para a realização de diversas atividades do nosso dia a dia e que colaboram consideravelmente com a emissão de gás carbônico no ambiente.
Pode parecer, a primeira vista, que o gás carbônico está presente apenas na atmosfera, mas os oceanos também são grandes reservatórios desse gás e estão em constante troca com a atmosfera liberando e absorvendo CO2. Durante muitos anos os níveis de CO2 permaneceram estáveis, mas com a Revolução Industrial, iniciada no século XIX, novos hábitos provocaram mudanças no ciclo do carbono, quando a
industrialização determinou o aumento nos níveis de consumo e no lançamento de dióxido de carbono na atmosfera.
O gás carbônico é um dos principais poluentes do ar que respiramos resultante da queima de combustível, do carvão e das queimadas nas florestas. Podemos considerar que indústrias, veículos automotores e usinas de eletricidade que utilizam combustível são, portanto, os grandes poluidores da atmosfera, pois além de gerar gás carbônico, seus processos produtivos consomem oxigênio, piorando ainda mais a situação. Mas não podemos esquecer que os animais e as plantas também expelem gás carbônico através da respiração.
O MERCADO
DO CARBONO
Uma vez compreendidos o efeito
estufa e o Protocolo de Kyoto, podemos entender melhor a ideia de se criar um
sistema que tem como principal objetivo compensar a emissão de gases que
produzem o efeito estufa. Este sistema foi concebido através de um programa que
desperta nos países a vontade política de rever os seus processos econômicos
para a redução do aquecimento global.
Na verdade o mercado de carbono se
baseia em um critério chamado adicionalidade, que prevê que qualquer projeto
econômico deverá absorver dióxido de carbono da atmosfera através de
reflorestamentos ou evitar o lançamento de gases do efeito estufa buscando a
eficiência energética.
Para esse fim foi criado um
certificado, emitido por agências de proteção ambiental, que atesta a redução
na emissão de gases do efeito estufa. Essa redução representa um crédito e a
quantidade desses créditos, chamados créditos de carbono, varia de acordo com a
quantidade de emissão de carbono reduzida pela parte interssada. Por convenção uma
tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono.
Outros gases que contribuem para o
efeito estufa também podem ser convertidos em créditos de carbono, e para isso
se utiliza o conceito de carbono equivalente.
O certificado referente aos
créditos de carbono possui valor no mercado financeiro internacional, onde a
redução de gases do efeito estufa passa a ter um valor monetário para conter a
poluição. Muitas ações podem ser realizadas para a obtenção desse certificado,
como o reflorestamento de áreas degradadas, a redução das emissões de gases
resultantes da queima de combustíveis fósseis, a utilização de energia limpa e
renovável, como eólica, solar, biomassa, o aproveitamento para a produção de
energia, das emissões que seriam lançadas na atmosfera, como o metano
proveniente de aterros sanitários, dentre outras práticas.
Quando os países ou suas indústrias
ultrapassam as metas estabelecidas em Kyoto, precisam comprar certificados de
crédito de carbono disponíveis no mercado. Da mesma forma, quando conseguem
reduzir suas emissões podem negociar o excedente nas Bolsas de Valores com
países ou indústrias que estejam precisando de créditos.
Algumas pessoas criticam esses
certificados, pois consideram que eles estimulam países e indústrias a poluir,
mas a intenção para a criação desse certificado é organizar critérios para
neutralizar a emissão de gases poluentes. Além disso, o programa tem como
principal objetivo a diminuição das emissões por parte de países desenvolvidos,
considerados mais poluidores, e o estímulo aos países em desenvolvimento para
que cuidem melhor de suas florestas, mesmo que por estímulo financeiro.
Mesmo com a possibilidade de lucrar
com os créditos de carbono, algumas empresas continuam a destruir as florestas,
talvez por desconhecimento e ignorância, ou por não acreditarem que vale a pena
investir em um mundo melhor, esquecendo que as consequências poderão ser
bastante amargas para todos. Infelizmente em muitos países os governos são
omissos e continuam permitindo ações que ignoram todos os sinais de perigo
dados pela natureza contra a vida no planeta. Pelo menos duas atitudes deveriam
ser prontamente adotadas por todos os governos do mundo: a diminuição em
percentuais das emissões de gases poluentes provenientes das indústrias e dos
transportes, e ações eficazes e enérgicas contra o desmatamento descontrolado
das florestas.
Por tudo que foi considerado aqui, a criação dos créditos de carbono tem papel relevante na conscientização dos países, em suas diversas realidades, mas não será suficiente se não houver o envolvimento de todos os participantes dessa discussão. É fundamental que se envolvam governantes, empresários, cientistas, estudantes, professores, pais, profissionais de todas as áreas do conhecimento, enfim, uma sociedade que seja capaz de discutir como mudar o rumo dessa estória.
PROTOCOLO DE KYOTO - #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
O Protocolo de Kyoto pode ser
considerado uma das mais importantes iniciativas para reverter os danos
ambientais provocados pelo aquecimento global. Na verdade, trata-se de um
documento que orienta os países industrializados com relação a redução da
emissão de gases, para que seja possível um planeta digno para as gerações
futuras.
O Protocolo de Kyoto é consequência
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também
conhecida como ECO-92, que ocorreu no Rio de Janeiro, e que tinha por objetivo
a estabilização das concentrações de gases estufa na atmosfera. Com relação à
ECO-92, poucas mudanças foram observadas quanto ao comportamento dos países que
participaram do acordo, uma vez que continuaram a poluir o ambiente com suas
atividades sempre voltadas ao desenvolvimento econômico desenfreado.
Sendo assim, em 1997, novo encontro
reuniu representantes de 159 países, na terceira Conferência das Partes (COP
3), em Kyoto, no Japão, e resultou na aprovação de um documento conhecido com
Protocolo de Kyoto que deveria ser aprovado e ratificado pelas autoridades
locais. O problema é que a diminuição da emissão de gases não é coisa fácil de
conseguir e mexe (e muito) com a economia dos países. É preciso influir na
agricultura, na queima de combustíveis e, ainda, é necessário que os países
reformulem sua política industrial, buscando formas limpas de produção de
energia.
O conteúdo do documento gerou em
pouco tempo, reações bastante adversas de alguns países. A mais forte veio
justamente do maior poluidor, os Estados Unidos (EUA), que respondem por 25% do
total de emissão de carbono no mundo. Depois de ter anunciado que não iria
participar dos compromissos definidos pelo Protocolo de Kyoto, o presidente
americano viu-se em uma situação bastante desconfortável, cercado de críticas
que o tachavam de vilão da natureza.
Para amenizar essa situação, os EUA
lançaram um programa alternativo de redução de emissão de gases poluentes. O
programa americano se baseia no controle voluntário por parte da indústria, com
a motivação através de incentivos fiscais. Essa decisão irritou os
ambientalistas e desagradou aos outros líderes de nações desenvolvidas que
aderiram ao Protocolo de Kyoto.
É importante destacar que para que
o Protocolo entrasse em vigor, seria necessário que fosse ratificado por 55
países que representassem, juntos, pelo menos 55% das emissões de gases. Junto
com os EUA, reagiram ao acordo o Canadá e a Austrália.
MAS DO QUE TRATA ESSE DOCUMENTO?
Segundo esse Protocolo, os países
industrializados assumem o compromisso de reduzir as emissões de gases estufa
no período de 2008 a 2012, em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Tal
atitude representa uma mudança representativa das emissões de gases iniciadas
pela Revolução Industrial.
Após a COP3, o Protocolo foi aberto
para assinaturas em 11 de dezembro de 1997 e ratificado em 15 de março de 1999.
Mas como foi comentado anteriormente, seria necessário que 55% dos países
desenvolvidos aderissem ao acordo, e dessa forma, somente entrou em vigor em
2005, depois que a Rússia também aceitou participar.
No momento que o Protocolo de Kyoto
entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 passou a ser um compromisso legal
vinculando todas as partes envolvidas, no caso dos países signatários, e o não
cumprimento de alguma parte estará sujeita a penalidades dentro do Protocolo.
Segundo o documento, fica estabelecido
um calendário pelo qual os países participantes assumem a obrigação de reduzir
a emissão de gases que provocam o efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação
aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012, denominado de primeiro período de
compromisso.
Mas as metas previstas pelo
Protocolo não sâo iguais para todos os países, pois estabelecem níveis
diferenciados para 38 países que mais poluem, como por exemplo, 8% para a União
Europeia (UE), 7% para os Estados Unidos (EUA) e 6% para o Japão, como
demonstra o gráfico. Já países como o Brasil, o México, a Argentina e Índia não
precisam atingir metas de redução, pelo menos momentaneamente, uma vez que se
encontram em processo de desenvolvimento.
QUADRO GERAL DE EMISSÕES MUNDIAIS DE CO2
Dentre as ações previstas
para a redução das emissões de gases estão:
• A reforma para o aumento
da eficiência enérgética em diversos setores da economia.
• A limitação e/ou redução
de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de
resíduos, bem como na produção, no transporte e na distribuição de energia.
• O incentivo à pesquisas
relacinadas a tecnologias inovadoras e ambientalmente seguras.
• A promoção do uso de
fontes renováveis de energia.
• A diminuição gradual ou
eliminação de incentivos fiscais, isenções tributárias e tarifárias, e também
de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa que
sejam contrários ao objetivo do Protocolo.
• O estabelecimeto de um
limite para as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas
energéticos.
• O incentivo às práticas
sustentáveis para a utilização das florestas e a proteção de matas e outros
reservatórios de carbono.
• Promoção de formas sustentáveis
de manejo da terra.
Caso o Protocolo de Kyoto
seja implementado com sucesso, estima-se que uma redução da temperatura entre
1,4° C e 5,8° C, ocorra até 2100. Entretanto, para que isso aconteça muitas
negociações após 2012 deverão acontecer, pois cientistas afirmam que uma
redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do
aquecimento global.
A maioria dos pesquisadores
que estuda o clima concorda que as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto
são insuficientes para conter o problema. É praticamente um consenso entre
muitos especialistas que seria necessário uma redução de 60% e não 5% como
estabelece o Protocolo para evitar as piores consequências das mudanças
climáticas.
Já os defensores do acordo
dizem que o tratado foi responsável pelo estabelecimento de leis, em diversos países,
voltadas a redução da emissão de gases e que, se não fosse pelo acordo firmado
em Kyoto, as dificuldades para implementar medidas ecológicas seriam ainda
maiores.
E como fica o Brasil nessa
estória? O Protocolo de Kyoto considera que os países em desenvolvimento, como
o Brasil, a China e a Índia, são os que menos contribuem para as mudanças
climáticas, mas que apesar disso, tendem a sofrer as maiores consequências.
Dessa forma, assim como
outros países em desenvolvimento que aderiram ao Protocolo, o Brasil não teve
que se comprometer com metas específicas, mas precisa manter a ONU informada a
respeito de suas emissões, buscando sempre o desenvolvimento de estratégias que
busquem o desenvolvimento econômico responsável.
COP 15 #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
COP 15 #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
Para discutir os assuntos
relacionados às mudanças climáticas existem desde 1995, conferências nas quais
representantes dos países participantes da Convenção – Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas se reúnem anualmente para tomar decisões, no âmbito
da ONU, sobre os problemas relacionados ao aquecimento global.
O último encontro foi 15ª
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida como COP15,
realizada no mês de dezembro de 2009 em Copenhague, na Dinamarca. Esta
conferência representou um momento importante para a prevenção de desastres
climáticos, pois reuniu líderes de todo o mundo e pretendia definir o
comportamento dos países para a diminuição do aquecimento global.
Apesar de não ter atingido o
objetivo de estabelecer novas metas ou compromissos de longo prazo para a
redução das emissões de gases de efeito estufa, a COP15 foi muito importante,
pois abriu portas para alguns países participantes acertarem suas estratégias.
Um dos resultados mais relevantes foi que pela primeira vez as grandes
economias emergentes começaram a assumir responsabilidades para limitar o
aumento de gases de efeito estufa.
Apesar de pontos positivos, o
encontro também foi palco de discordâncias representadas pela acusação por
parte da China e de outros países em desenvolvimento de que os países ricos se
recusaram a realizar cortes significativos nas emissões de gases causadores do
efeito estufa, e não ofereceram ajuda a economias menores para lutar contra as
mudanças climáticas.
Segundo especialistas, para atingir
os objetivos traçados, os países precisam investir em eficiência energética,
buscando soluções que reduzam o consumo de energia; substituir combustíveis
fósseis por fontes energéticas alternativas; e investir em novas tecnologias.
Existem estimativas que serão necessários aproximadamente US$30 bilhões, no ano
de 2010, para que os compromissos firmados pelos países em desenvolvimento na
redução da emissão de gases sejam atingidos. Até 2020, este valor deverá
atingir US$120 bilhões.
Após o evento a cúpula terminou sem
um acordo com valor legal ou obrigatório, com os países participantes apenas
reconhecendo a necessidade de que o aumento na temperatura global não
ultrapasse os 2º C, mas não foi capaz de estabelecer valores para a redução na
emissão dos gases que provocam o efeito estufa.
Embora as metas não tenham sido
estabelecidas legalmente, sabe-se que para diminuir a emissão de gases de
efeito estufa, faz-se necessário adotar alterações profundas no modelo de
desenvolvimento econômico e social, através de medidas que possibilitem a
estabilização da concentração global de carbono até 2017, quando os níveis
deverão começar diminuir para que possam chegar a ser 80% menores que na década
de 1990.
Atualmente, 192 países participam
das negociações e a COP16 acontecerá no México, entre 29 de novembro e 10 de
dezembro de 2010, visando incrementar o Acordo de Copenhague, que busca limitar
o aumento das temperaturas a não mais que 2º C em relação às registradas nos
tempos pré-industriais. Espera-se que esse novo encontro represente uma
possibilidade mais concreta para mudar o cenário atual.
Efeito Estufa - #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
DEFINIÇÃO
A designação efeito estufa
se refere ao mecanismo atmosférico natural que mantém o planeta aquecido, com
temperaturas ideais para a existência de vida na Terra. Embora esse assunto
esteja bastante presente nas discussões científicas atuais, trata-se de um
fenômeno atmosférico que acompanha a vida do planeta desde o início da sua
existência. Atualmente, costuma-se associar o efeito estufa ao aquecimento da
Terra devido à poluição do ar pela concentração de gás carbônico na atmosfera
proveniente da queima exagerada de combustíveis fósseis.
COMO FUNCIONA O EFEITO
ESTUFA
Sabemos que a Terra é
iluminada pelo Sol e que a vida existente aqui depende da energia luminosa
irradiada por ele. Quando os raios solares atingem a superfície terrestre parte
deles é absorvida pelas plantas para a realização da fotossíntese e a outra
parte é refletida pela superfície terrestre em direção ao espaço. Porém devido
à existência de uma camada de gases atmosféricos, grande parte do calor fica retida
e não consegue sair.
O efeito estufa faz parte da
dinâmica do planeta e, graças a ele, a Terra é mais quente do que o espaço,
atingindo temperaturas ideais para a existência de vida. Se não houvesse essa
proteção, os raios solares seriam refletidos para o espaço, o planeta perderia
calor, e dessa forma, a Terra ficaria submetida a temperaturas inferiores a 10º
C negativos.
Planetas como Vênus e Marte
não possuem esse mecanismo e por isso podem atingir diferenças extremas onde as
temperaturas são elevadas durante o dia, acima de 200º C, e muito reduzidas
durante a noite, chegando a -100º C.
O processo de aquecimento
conhecido como efeito estufa ocorre quando parte da radiação solar refletida
pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na
atmosfera - ozônio, oxigênio e os componentes minoritários dióxido de carbono
(CO2) e gás metano (CH4) e outros. É esse mecanismo que
possibilita que o calor que a Terra recebe durante o dia mantenha a temperatura
elevada mesmo durante a noite.
Funciona da seguinte forma:
parte do calor irradiado pelo Sol é devolvida ao espaço, porém, uma porção
desse calor fica presa na atmosfera graças aos gases estufa (GEE) e é
responsável por manter o planeta aquecido. O problema é que o excesso dos chamados
gases estufa intensifica esse fenômeno e faz com que mais calor que o
necessário seja retido na superfície do planeta provocando o aquecimento global.
Em uma estufa de vidro cuja
finalidade é manter o ambiente interno aquecido, o mecanismo é muito simples: a
luz solar atravessa o vidro e é absorvida. O vidro reflete grande parte dessa
radiação, mas uma quantidade penetra no interior da estufa.
Pelas leis da física, todo
corpo que absorve energia radiante também a irradia de volta e isso acaba
levando ao resfriamento bastante rápido do objeto irradiado. Porém, nessa
situação quando as ondas de calor penetram na estufa e são irradiadas de volta
encontram o vidro que as reflete para dentro novamente, aquecendo o ambiente
interno. Se isso não acontecesse, o interior esfriaria.
Se imaginarmos que a Terra é
uma enorme estufa iremos compreender que as ondas de calor irradiadas pela
superfície terrestre encontram os gases de efeito estufa, os quais assim como o
vidro, funcionam como uma barreira que as refletem de volta, aquecendo a
atmosfera.
Apesar de muito comentado
como sendo um enorme problema ambiental o efeito estufa é necessário para a
existência da vida – o problema é que, quando ocorre em excesso, provoca um
aumento de temperatura acima do normal, o que acaba por ocasionar enormes
desequilíbrios ambientais.
Hoje em dia, sabe-se que não
somente os gases estufa provocam esse efeito. A fuligem da fumaça também
contribui para intensificar esse mecanismo. A fuligem proveniente da queima de
combustíveis provoca o sombreamento da superfície e esquenta a atmosfera, além
disso, modifica a formação das nuvens, o que muda o equilíbrio térmico do
planeta.
QUAIS OS GASES RESPONSÁVEIS PELO EFEITO ESTUFA?
Dióxido de Carbono (CO2):
Proveniente da combustão de combustíveis fósseis como petróleo, gás natural,
carvão, desmatamento é responsável por cerca de 64% do efeito estufa.
Diariamente são enviados cerca de 6 milhões de toneladas de CO2 para
a atmosfera e seu tempo de permanência na atmosfera é de 50 a 200 anos.
Clorofluorcarbono (CFC): Utilizados
em sprays, motores de aviões, plásticos e solventes utilizados na indústria
eletrônica. Responsável direto pela destruição da camada de ozônio, além de
contribuir com cerca de 10% do efeito estufa. O tempo de permanência na
atmosfera é de 50 a 1700 anos.
Metano (CH4): Produzido
nos campos de arroz, liberado pelo metabolismo do gado e pelo lixo. É
responsável por quase 20% do efeito estufa. Tem um tempo de duração de 15 anos.
Ácido nítrico (HNO3):
Proveniente da combustão da madeira e de combustíveis fósseis, pela decomposição
de fertilizantes químicos e por micróbios, é responsável por cerca de 6% do
efeito estufa.
Ozônio (O3): Origina-se da
poluição dos solos provocada pelas fábricas, refinarias de petróleo e veículos
automóveis.
A concentração de CO2 na
atmosfera começou a aumentar a partir da revolução industrial devido à
necessidade de queimar grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como
fontes de energia para a produção de produtos industrializados. A partir desse
momento houve um aumento de aproximadamente 30% do CO2 atmosférico, o que
implica em mais calor retido pela superfície terrestre e, consequentemente, a
elevação da temperatura do planeta.
O gráfico abaixo demonstra
que a concentração de CO2 na atmosfera até 2100 pode alcançar valores que
variam entre 540 a 970 ppm – entre 90% e 250% acima do nível existente em 1750.
Essa é uma previsão preocupante para os habitantes do planeta, pois se os
níveis de CO2 não forem mantidos entre 350 e 400 ppm, haverá um aumento da
temperatura global acima de 2° C, o que irá determinar mudanças bastante
perigosas no clima.
Fonte: Imagem
extraída da publicação Perguntas e Respostas sobre Aquecimento Global,
elaborada pelo IPAN em parceria com The Woods Hole Research Center
O carbono é um elemento
básico na composição dos organismos, e por isso, indispensável para a vida no
planeta. Ele é estocado na atmosfera, nos oceanos, nos solos, nas rochas
sedimentares e nos combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás
natural. O carbono não permanece fixo em nenhum desses estoques e várias
interações acontecem para que o carbono seja transferido de um depósito para
outro.
Existem diversos organismos
nos ecossistemas terrestres e aquáticos, que absorvem o carbono encontrado na
atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2), funcionando como filtros que
retiram da atmosfera mais carbono do que emitem. Existem as queimadas e
desmatamentos, resultantes do mau uso da terra e são essas atividades que
acabam por alterar os fluxos naturais entre os estoques de carbono e têm um
papel fundamental na mudança do clima do planeta.
Estima-se que os níveis de
CO2 no Brasil estão relacionados à destruição das florestas, pois 3/4 das
emissões de carbono vem de atividades de uso do solo, tais como o desmatamento
e as queimadas. Ao contrário, as emissões provenientes da queima de
combustíveis fósseis são menores em relação a outros países, pois o Brasil utiliza
fontes de energia renováveis como a energia hidrelétrica.
Somente devido ao
desmatamento da região Amazônica, nosso País emite por ano, cerca de 200
milhões de toneladas de carbono, o que coloca o Brasil entre os cinco países
mais poluidores do mundo, representando aproximadamente de 5% das emissões
globais.
Entre as fontes de outros
gases de efeito estufa podemos citar os fertilizantes utilizados na
agricultura, que liberam óxido nitroso (N2O), a produção e o transporte de gás
e petróleo, os arrozais, os processos digestivos de ruminantes, que emitem
metano (CH4), e os condicionadores de ar e refrigeradores que emitem
halocarbonos.
Os cenários de emissões são
uma representação do desenvolvimento futuro das emissões de substâncias que
potencialmente são capazes de interferir na radiação solar – por exemplo, gases
de efeito estufa e aerossóis. Essas representações são baseadas em um conjunto
coerente e internamente consistente de hipóteses relativas aos diversos agentes
antrópicos (tais como demografia, desenvolvimento socioeconômico, mudança
tecnológica) e suas interligações. Cenários de concentração de emissões são
utilizados como subsidios para modelos climáticos a fim de viabilizar para
fazer projeções sobre possíveis aumentos das mudanças em curso.
O Sistema Climático da Terra - #Unidade 1 (Definições e Conceito do Tema: Mudanças Climática e Desenvolvimento sustentável)
O clima terrestre é regulado, mais especificamente,
por elementos e processos que envolvem o fluxo de radiação solar, a atmosfera e
a superfície terrestre. São cinco os componentes principais:
Atmosfera: consiste em uma camada de ar que envolve o planeta,
dividida em sete faixas. A ciência que estuda o clima estuda as interações
entre as duas camadas mais próximas da Terra: a troposfera e a estratosfera,
essenciais para as trocas de energia entre as diferentes massas de ar e as
nuvens e entre a hidrosfera, a biosfera e a litosfera. Constitui o elemento
fluido dessas trocas, com formação de ventos, tempestades, ciclones e furacões.
Hidrosfera: compreende as águas oceânicas e continentais.
Criosfera: corresponde às camadas de gelo e de neve na
superfície da Terra.
Superfície
terrestre e biosfera: superfície da
litosfera (crosta terrestre) onde se encontram os seres vivos e não vivos.
O quinto elemento importante na regulação do clima
terrestre é a radiação solar, e todos os fatores mencionados se encontram
influenciados por ela. As diversas atividades e as trocas gasosas
características dos ecossistemas terrestres e oceânicos têm forte interação com
a atmosfera. Elas influenciam a formação de chuvas fundamentais à produção da
água potável existente na terra. Nesse contexto, o brilho do Sol é o maior
responsável por regular os processos que determinam a existência da vida na
Terra.
O clima se modifica sob a influência de três fatores
centrais:
• Sua própria
dinâmica interna.
• As forças
externas naturais como erupções vulcânicas e variações solares.
• Os fatores
relacionados às atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o
desmatamento.
OS TIPOS DE CLIMA
No nosso planeta existe uma grande diversidade de climas
característicos de diferentes regiões. Dentre os tipos de clima existentes, os
principais são:
· Equatorial: Temperatura média 25° C, caracterizado por períodos quentes e chuvosos durante quase todo o ano.
· Tropical: Temperaturas variáveis. No inverno apresenta temperaturas médias superiores a 20° C, com períodos de seca. No verão, as temperaturas médias são superiores a 25° C, com período de chuvas abundantes.
· Subtropical: Temperaturas variáveis. No verão apresenta temperaturas entre 15 e 20° C e no inverno as temperaturas variam entre 0 e 10° C.
· Equatorial: Temperatura média 25° C, caracterizado por períodos quentes e chuvosos durante quase todo o ano.
· Tropical: Temperaturas variáveis. No inverno apresenta temperaturas médias superiores a 20° C, com períodos de seca. No verão, as temperaturas médias são superiores a 25° C, com período de chuvas abundantes.
· Subtropical: Temperaturas variáveis. No verão apresenta temperaturas entre 15 e 20° C e no inverno as temperaturas variam entre 0 e 10° C.
·
Desértico: Temperaturas
médias entre 20° C e 30° C, com clima seco.
·
Temperado: Apresenta
estações do ano bem definidas, podendo ocorrer alteração em regiões próximas
aos oceanos e mares, onde o inverno é menos rigoroso e o verão mais ameno.
·
Mediterrâneo: Temperaturas
médias superiores a 25° C, com verão quente e seco e inverno chuvoso.
·
Frio: Temperaturas
médias negativas, com inverno longo e rigoroso e verão curto e ameno.
·
De Montanha: Temperatura
variável: quanto maior a altitude menor é a temperatura. Mesmo em regiões
tropicais, o clima de montanha é predominante nesse relevo.
·
Polar: Temperaturas
abaixo de zero. O inverno é longo, o verão muito seco e curto.
·
Semiárido: Temperaturas
elevadas associadas à baixa umidade atmosférica.
O QUE MUDOU NO CLIMA DO MUNDO?
Para uma melhor compreensão das mudanças climáticas no
planeta, várias observações experimentais são realizadas por especialistas do
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Para uma melhor
compreensão dos fenômenos climáticos, parâmetros como temperatura média,
precipitação pluvial, cobertura de neve, nível do mar, dentre outros, são
analisados detalhadamente e as conclusões indicam que o clima de nosso planeta
está efetivamente sendo alterado.
Sabe-se, por exemplo, que a temperatura média global
aumentou em relação a 1850 e em algumas regiões como o Ártico, observa-se um
aquecimento da ordem de 2° C. Os estudos demonstram ainda que nos últimos 14
anos, foram observados os 12 anos mais quentes da história.
Como tudo está interligado
na natureza, o aumento de temperatura tem provocado a elevação do nível do mar,
o derretimento de geleiras da Antártica, do Ártico e da Groenlândia e a
diminuição significativa da cobertura de neve no hemisfério Norte.
Pode-se notar algumas dessas
alterações climáticas, no período de 1850 a 2005, quando se registra um aumento
de 0,76° C na temperatura média terrestre; uma elevação de 160 mm no nível
médio do mar e uma redução de 1,8 milhão de km² na cobertura de neve no
hemisfério Norte.
Confirmando ainda mais o
quadro de mudanças no clima global, cientistas identificaram elevações nos
níveis de vapor de água na atmosfera, na precipitação pluvial em regiões
temperadas, na intensidade de furacões e na frequência e intensidade de períodos
de seca no continente africano e de ondas de calor em regiões temperadas.
Alguns estudos atentam
também para a responsabilidade da sociedade, uma vez que os riscos relacionados
às alterações climáticas são o resultado de processos físicos, mas também
consequência de ações e decisões humanas interligadas pelo mundo. Quando
pessoas exageram no uso de condicionadores de ar ou dirigem seus carros solitariamente,
essas ações têm consequências que afetam regiões distantes como comunidades
rurais, áreas de risco, através de problemas ambientais que resultam em muitos
prejuízos econômicos e sociais.
O IPCC estima que até o fim
deste século a temperatura da Terra deve subir entre 1,8° C e 4° C e caso as
previsões sejam confirmadas muitas espécies poderão entrar em extinção, e como
consequência, pode vir a acontecer grandes mudanças na dinâmica dos
ecossistemas e na distribuição das espécies.
Consequências muito
negativas para a vida como a diminuição da oferta de água e alimento, a
acidificação dos oceanos, são exemplos de impactos negativos para espécies que
habitam os mais variados ambientes do globo. O cultivo de alimentos também
poderá ser afetado o que aumentará o risco de fome para muitas populações e há
ainda o risco na distribuição e produção de determinadas espécies de peixes,
com efeitos negativos para a aquicultura e os criatórios de peixes.
As mudanças climáticas
também podem afetar a saúde das pessoas e conforme Organização Mundial de Saúde
(OMS), estudos demonstram que a exposição às mudanças climáticas traz
consequências à saúde de milhões de pessoas, principalmente às populações com
baixa capacidade de adaptação.
Dentre os problemas estão o
aumento da subnutrição e de disfunções consequentes, com implicações no
crescimento e desenvolvimento infantil; a elevação da taxa de mortalidade; o
aparecimento de problemas de pele em virtude do calor; o surgimento de doenças
como malária, cólera e tuberculose, diarreia; o aumento da frequência de
doenças cardiorrespiratórias devido às concentrações mais elevadas de ozônio no
nível do solo; alterações na distribuição espacial de vetores de doenças infecciosas
e problemas relacionados à saúde mental.
É importante ressaltar que
os impactos na saúde variam de região para região e em função do tempo, à
medida que as temperaturas continuarem subindo.
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE FIBRA E FIO DO ALGODÃO AGROECOLÓGICO NO SEMIÁRIDO
Publicado
em:
CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODÃO, 7., 2009, Foz do Iguaçu. Sustentabilidade da
cotonicultura Brasileira e Expansão dos Mercados: Anais... Campina grande:
Embrapa Algodão, 2009. p. 2205-2210.
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE FIBRA E
FIO DO ALGODÃO AGROECOLÓGICO NO SEMIÁRIDO
Rodolfo Assis de Oliveira (UFPB, rodolfooliveira2000@yahoo.com.br)
Melchior Naelson Batista da Silva
(Embrapa Algodão – Orientador)
Maurício José Rivero Wanderley (EMBRAPA)
Hesteólivia Shyrlley Ferreira
Vasconcelos Ramos (Diaconia)
Roberto Sousa Nascimento (UFPB, roberto.uni@gmail.com)
RESUMO - O algodão
agroecológico produzido no Semiárido é cultivado em sistemas consorciados com
culturas alimentares e forrageiras, em pequenas propriedades rurais,
empregando-se mão-de-obra familiar e colheita manual. O objetivo deste trabalho
foi monitorar as características tecnológicas das fibras e fio do algodão
agroecológico, produzidas por agricultores familiares, no ano agrícola de 2008.
Foram colhidos 20 capulhos no terço médio das plantas nos roçados dos
agricultores das regiões de Triunfo-PE, Pajeú-PE, Oeste Potiguar-RN e
Curimataú-PB e feito análises de HVI (High Volume Instruments) no Laboratório
de Fibras e Fios da Embrapa Algodão. Os resultados de percentagem de fibras do
algodão e da maioria das características de fibra e fio foram superiores no
algodoeiro cultivado no Curimataú-PB. No entanto, em todas as regiões
estudadas, o algodão produzido atende as exigências da indústria têxtil nacional
e internacional.
Palavras-chave: Fibras,
Algodão Orgânico, Semiárido
INTRODUÇÃO
O algodão agroecológico produzido no
Semiárido é cultivado em sistemas consorciados com culturas alimentares e
forrageiras, em pequenas propriedades rurais, empregando-se mão-de-obra
familiar e colheita manual. O produto é comercializado no mercado orgânico e
agroecológico desde a safra 1993/94, quando o país figurou nas estatísticas de
países produtores de algodão orgânico (LIMA, 1995).
A cotonicultura orgânica é uma
importante alternativa para incrementar a renda de agricultores familiares.
Várias regiões do Nordeste brasileiro vêm apostando na cultura, que em 2008,
atingiu uma produção de 85 toneladas, de algodão em rama, envolvendo mais de
500 famílias incentivadas pelos preços pagos pela pluma, pelas novas práticas
de manejo sustentável desses cultivos e pelo comercio justo (LIMA, 2008).
Alguns trabalhos de pesquisa relatam a
pouca influência do manejo orgânico sobre as qualidades da fibra e fio (SILVA.,
2003; SILVA et al., 2005). No entanto, inexistem dados sobre a influência do
manejo agroecológico e tipo de colheita realizada sobre essas características
em áreas de produção.
O objetivo deste trabalho foi monitorar
as características tecnológicas das fibras e fio do algodão agroecológico CNPA
7MH e CNPA 8H, produzido por agricultores familiares das regiões de Triunfo
(PE), Pajeú (PE), Oeste Potiguar (RN) e Curimataú (PB), respectivamente no ano
agrícola de 2008.
MATERIAL
E MÉTODOS
Foram coletadas amostras-padrões de
algodão herbáceo proveniente de áreas cultivadas de agricultores familiares de
04 regiões produtores de algodão agroecológico. Todas as áreas são manejadas de
forma agroecológica e obedecem as regras de certificação do Instituto
Biodinâmico (IBD), certificadora atualmente responsável pelo selo orgânico da
produção do algodão.
Foram colhidos 20 capulhos no terço
médio das plantas de algodoeiro dos roçados desses agricultores e feito as
análises de HVI (High Volume Instruments) no Laboratório de Fibras e Fios da
Embrapa Algodão, Campina Grande-PB, seguindo recomendação de Santana et al.
(2008).
Para análise dos resultados foi usado o
delineamento experimental em blocos casualizados (DBC), com 4 tratamentos
(regiões) e 9 blocos (áreas de agricultores).
As variáveis analisadas foram:
percentual em pluma (%Fibras), comprimento em (UHM), uniformidade em % (UNF),
resistência em g/tex (SFI), índice de fibras curtas (STR), alongamento à
ruptura (ELG), índice micronaire (MIC), refletância (Rd) e grau de amarelo
(+b).
Os dados foram submetidos à análise de
variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade (SANTOS et al., 2008).
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Observa-se na Tabela 1 diferenças
significativas entre as regiões do Pajeú, Curimataú, Oeste Potiguar e Triunfo
quando analisados a percentagem de fibra, uniformidade, comprimento e índices
de fibras curtas, alongamento, maturidade e grau de amarelo. Essas diferenças
podem ser reflexos do manejo adotado no sistema de cultivo e na colheita de
cada região. No entanto, parece ser o fator genético que mais influenciou as
características tecnológicas da fibra e do fio, uma vez que a variedade usada
no Curimataú é a CNPA 8H. Segundo Luz et al. (2007), fatores intrínsecos
(genéticos) e extrínsecos (manejo) colaboram para a qualidade de fibra do
algodão.
Tabela 1.
Resumo das análises de variância das variáveis da qualidade física de fibra e
do fio do algodoeiro, cv CNPA 7MH e CNPA 8H, das regiões de Triunfo (PE), Pajeú
(PE), Oeste Potiguar (RN) e Curimataú (PB), cultivado sob manejo agroecológico,
Campina Grande, 2008.

Observando a Tabela 2, verificam-se
diferenças entre as médias das regiões de Triunfo (PE), Pajeú (PE) e Oeste
Potiguar (RN) que cultivaram a cv CNPA 7MH e a região do Curimataú, que
cultivou a variedade CNPA 8H. Os valores de comprimento estiveram acima de 30
mm e o índice de fibras curtas abaixo de 5,7%, característica muito
particulares de cultivares derivadas do algodoeiro mocó (Gossypium hirsutum L.
raça marie galante) como o CNPA 7MH. Valores inferiores foram
encontrados por Beltrão et al. (2000) quando estudou as características
intrínsecas da fibra desta cultivar para as variáveis porcentagem de fibra
(31,5%), comprimento (28,8mm), uniformidade (49,7%), resistência (26,6%) e
alongamento (6,7milimex).
Tabela 2.
Médias dos tratamentos das características tecnológicas da fibra e do fio do
algodão, cv CNPA 7MH e CNPA 8H, dos territórios de Triunfo (PE), Pajeú (PE),
Oeste Potiguar (RN) e Curimataú (PB), cultivado sob manejo agroecológico,
Embrapa Algodão, Campina Grande, 2008.


Destaca-se no estudo, a maior
porcentagem de fibra no Curimataú (PB) (Figura 1), onde se cultivou a variedade
CNPA 8H. Para todas as regiões, as características tecnológicas de fibra
apresentaram resultados de acordo com os padrões estabelecidos pela indústria
têxtil, e de acordo com os dados de Fonseca e Santana (2002). Provavelmente, a
qualidade do algodão do Semi-árido se deva a colheita manual, que apesar de
morosa, permite a obtenção de fibras de melhor qualidade pela possibilidade de
selecionar e classificar a produção segundo critérios de qualidade como
maturidade, incidência de doenças, pragas e presença de plantas invasoras.
CONCLUSÃO
A porcentagem de pluma foi
significantemente maior no Curimataú – PB (41,30%), cv CNPA 8H, o que
proporciona aos agricultores um incremento na renda, pois, o algodão orgânico é
comercializado em forma de pluma.
As fibras das cultivares CNPA 7MH e 8H
atendem as exigências da indústria têxtil nacional e internacional estando
entre as melhores fibras que o mundo atualmente produz.
CONTRIBUIÇÃO
PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO
O monitoramento dos parâmetros físicos
de qualidade de fibras e fios do algodão dá aos agricultores e a indústria a
segurança para a qualidade na produção.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
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; SOUZA, J. G. de . Produtividade, qualidade de fibra e análise do crescimento
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Campina Grande, v. 9, n. 2, p. 222-228, 2005.
SILVA, M. N. B. da. Manejo cultural
do algodoeiro colorido BRS 200 em cultivo orgânico no semi-árido paraibano.
2003. 114 f. Tese (Doutorado em Programa de Pós Graduação Em Agronomia).-
Universidade Federal da Paraíba, Areia.
Produtos orgânicos, cidadania e conhecimento popular: percepções de agricultores e agricultoras na feira agroecológica de João Pessoa - PB
Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 6, No. 2, Dez 2011
NASCIMENTO, Ricardo de Sousa1; SIQUEIRA, Andréia Ferreira da Silva 2; NASCIMENTO, Roberto de Sousa3
NASCIMENTO, Ricardo de Sousa1; SIQUEIRA, Andréia Ferreira da Silva 2; NASCIMENTO, Roberto de Sousa3
3
UFPB – Campus II, roberto.uni@gmail.com
Resumo: Apresenta-se neste
trabalho o conhecimento e experiências em agroecologia de alguns agricultores e
agricultoras da Feira agroecológica do Campus I da UFPB, localizada na cidade
de João Pessoa no estado da Paraíba, dando ênfase em suas percepções no
entendimento do uso da agroecologia, a partir da coleta de dados, entrevistas
informais e audiovisuais, questionários, observações individuais e anotações de
opiniões informais dos feirantes. Foram entrevistados 10 feirantes que
forneceram informações de identificação pessoal e sobre as atividades
agroecológicas desenvolvidas, que possibilitaram traçar um diagnóstico prévio.
Os agricultores entrevistados vêm a agroecologia não só como uma ciência mais
como uma filosofia de vida, a harmonia do homem e a natureza, resgate de
valores morais, sociais e culturais. Por meio deste trabalho foi possível
diagnosticar a viabilidade e os benefícios fornecidos pelas práticas
agroecológicas em João Pessoa – PB para pequenos produtores como também para os
consumidores da feira, já que a procura é alta pelos produtos agroecológicos,
estabelecendo uma demanda de mercado e fluxo econômico na região, gerando renda
e promovendo cidadania.
Palavras -Chave: Práticas
agroecológicas, feirantes, agroecologia
Contexto
A poluição da natureza e a intoxicação por
produtos químicos ultimamente vêm causando grandes problemas à saúde humana e o
Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, gastando
anualmente mais de 2 bilhões de dólares com a comercialização destes produtos.
Com essa grande poluição surgiu à necessidade de se produzir produtos limpos e
sem conteúdo químico, aplicando em sua produção os princípios da agroecologia e
da agricultura orgânica onde os alimentos são produzidos de forma sustentável
sem que agrida a natureza. Esses produtos são conhecidos como orgânicos,
ecológicos, naturais e agroecológicos devido serem livres de agrotóxicos,
herbicidas e outros venenos sintéticos perigosos à saúde e ao meio ambiente.
A agricultura orgânica é uma atividade que
visa promover a preservação do meio ambiente, respeitando a biodiversidade e as
atividades biológicas do solo. Desta forma, esta atividade enfatiza o uso de
práticas de manejo em oposição ao uso de agrotóxicos, assim fixando de modo
mais definitivo o homem no campo essa agricultura visa também atender a demanda
dos consumidores pela utilização de processos mais limpos de produção, evita a
contaminação e degradação ambientais e incorpora as populações rurais no
processo de desenvolvimento, representando a mudança de uma agricultura de
insumos para uma agricultura de manejo.
O que antes parecia coisa de louco se falar
em agricultura dita alternativa ou em agroecologia passou a ser considerado um
diferencial social. Pois esse modo de produção vem ganhando espaço entre os
agricultores de todo o mundo. Na América latina, as estatísticas indicam que o
México e Argentina lideram a produção, mas o Brasil já movimenta 150 a 200
milhões de dólares.
No Brasil a área cultivada organicamente já
representa 100 mil hectares e já somam 1.500 os produtores e empresas rurais
certificadas com o selo verde ou orgânico, contudo devemos considera os
agricultores que não possuem o selo, mas produzem organicamente.
Dessa forma os produtos orgânicos nos
últimos anos vêm ganhando espaço na preferência dos consumidores preocupados
com sua saúde e bem estar, pois esses alimentos são reconhecidos por quem os
consome como saudáveis limpos e orgânicos, já que é livre de agrotóxicos ou
adubação química. Esses alimentos geralmente são produzidos por pequenos
agricultores que comercializam suas produções em feiras livres ou feiras
agroecológicas a preço justo e solidário uma vez que a produção agroecológica e
as feiras representam uma estratégia que objetiva além da conservação dos recursos
naturais, através da produção de alimentos orgânicos, a melhoria na qualidade
de vida, tanto do produtor quanto do consumidor que adquire esse tipo de
produto, pois segundo Montiel (2004) a feira agroecológica é caracterizada como
um caminho possível para o desenvolvimento de processos de produção,
comercialização e consumo de alimentos em bases socioeconômicas e ecológicas
sustentáveis e segundo Carvalho et al(2008) as feiras agroecológicas têm
demonstrado serem espaços adequados e estratégicos para a venda direta dos
produtos das famílias, promovendo melhoria na renda e fortalecendo a integração
campo e cidade.
Na Paraíba as feiras agroecológicas vêm se
multiplicando por todo o estado e já se tem um bom numero significativo de
feiras.
O objetivo desse trabalho foi relatar
experiências e o conhecimento popular de agricultores e agricultoras da Feira
agroecológica realizada no Campus I em João Pessoa – PB, dando ênfase em suas
percepções no entendimento do uso da agroecologia.
A metodologia aplicada ao trabalho foi de
pesquisa bibliográfica relacionada ao tema, entrevistas (informais e
audiovisual) e aplicação de questionários há alguns agricultores da feira
agroecológica. Com a intenção de reunir informações sobre as formas de produção
agroecológicas, escoamento dos produtos, ações de educação ambiental e os
benefícios relatados pelos agricultores e agricultoras.
Descrição
da experiência
Apresenta-se
neste trabalho o conhecimento e experiências em agroecologia de alguns
agricultores e agricultoras da Feira agroecológica do Campus I da UFPB,
localizada na cidade de João Pessoa no estado da Paraíba, a partir da coleta de
dados, entrevistas informais e audiovisuais, questionários, observações
individuais e anotações de opiniões informais dos feirantes. Foram
entrevistados 10 feirantes, em que
forneceram informações de identificação pessoal e sobre as atividades agroecológicas
desenvolvidas, que possibilitaram traçar um diagnóstico prévio.
A
feira surgiu em maio de 2002, a partir dessas iniciativas dos agricultores (as)
passaram a receber apoio institucional da Cáritas Arquidiocesana/PB, Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e Mandato Popular do Deputado Frei Anastácio.
Atualmente sendo organizada pela associação dos participantes da feira e
acompanhada pelos órgãos que prestam assistência técnica as famílias envolvidas
nas feiras, o INCRA, ainda a CPT e ATERs.
As
práticas agroecológicas adotadas aos seus modelos de produção são inúmeras,
dentre elas pode-se destacar: uso de fertilizantes naturais a produção de húmus
de minhoca e compostagem e biofertilizantes a partir de resto de culturas e
alimentos, usados na própria propriedade como também comercializados; rotação
de cultura e diversificação da produção; uso de potencialidades da
propriedades, como integração lavoura pecuária, uso de sistemas agrossilvipastoris
e outros sistemas; uso de defensivos naturais, folhas de pimenta (Piper nigrum) e nim indiano (Azadirachta indica), urina de vaca, calda bordalesa, inimigos naturais das
pragas, manipueira, plantas repelentes, dentre outras.
Todos
os entrevistados moram em pequenas propriedades rurais, de três a sete
hectares, com 3 a 5 pessoas por família, tendo como fonte de renda o que o
produzem e de programas de apoio financeiro do governo federal. Comercializando
vários tipos de produtos de caráter agroecológico, dentre ele: banana,
carambola, coco, fruta-pão, graviola, limão, mamão, alface, batata doce, batata,
cebolinha, cenoura, coentro, couve-flor, maxixe, nabo, pimenta de cheiro. pimentão,
quiabo, rabanete, tomate, abóbora, amendoim, feijão, gergelim, inhame-cará,
linhaça, macaxeira, , milho, sapoti, beiju, bolo, húmus, leite, mel, ovos de
capoeira, pão de queijo, pé-de-moleque, queijo, tapioca. Tendo baixas
porcentagens de perdas variando de 5 a 10%, produtos estragados e/ou não
comercializados, sendo aproveitas de diversas formas, trocado entre os próprios
participantes da feira, para o consumo da família, doações aos vizinhos, uso em
compostagem e/ou fornecido aos animais.
Resultados
Na
experiência pode-se observar o conhecimento popular da agroecologia adquirido
pelos agricultores, dá-se através de usas experiências e dos técnicos que dão
assistências, promovendo assim mudanças em suas vidas, como: melhora na saúde,
devido a não se trabalhar mais com agroquímicos e produzindo produtos sadios;
na situação financeira, onde com a feira ouve a valorização dos seus produtos
que além de eliminar a figura do atravessador, aumentando sua renda, chegando a
mais de 100%, em alguns casos relatados; resgate da cultura, do conhecimento
que se era passado de geração a geração e da valorização de suas origens culturais;
nas percepções sustentáveis, protegendo o meio ambiente, vivendo em equilíbrio
e harmonia com a natureza, não degradando, não provocando queimadas. Para um dos
entrevistados “..esse novo conhecimento é
fundamental na mudança do atual modelo de produção para um modelo que contribui
positivamente para o meio ambiente e a qualidade de vida”. Essa ideia é reforçada
por Prates & Nascimento (2009), onde afirmam que o conhecimento
agroecológico surge modificando pensamentos, sendo eles essenciais para a
substituição dessas práticas agrícolas impactantes e insustentáveis, porém para
sua adoção se fazem necessárias mudanças de paradigmas por parte da população.
Os
agricultores entrevistados vêm a agroecologia não só como uma ciência mais como
uma filosofia de vida, a harmonia do homem e a natureza, resgate de valores
morais, sociais e culturais. Sendo atribuída também como uma nova metodologia
de produzir usando conhecimentos e ideias sustentáveis, justos e viáveis
economicamente.
Por
meio deste trabalho foi possível diagnosticar a viabilidade e os benefícios
fornecidos das práticas agroecológicas em João Pessoa – PB para pequenos
produtores como também para os consumidores da feira, já que a procura é alta
pelos produtos agroecológicos, estabelecendo uma demanda de mercado e fluxo
econômico na região, gerando renda e promovendo cidadania mutuamente, como uma
mudança de paradigma de vida das pessoas envolvidas nesse complexo sistema
social.
Bibliografia
Citada
Araujo, J. C. COMERCIALIZAÇÃO DE ORGÂNICOS.
Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007
CARVALHO, C. et al. Feira agroecológica:
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Küster, A.; Martí J. F. Agricultura
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Fundação Konrad Adenauer, DED 2004.
MONTIEL, M. S. O contexto socioeconômico da
agricultura ecológica: a evolução dos sistemas agroalimentares. Universidade de
Sevilha, 2004.
PRATES, C. S. F.; NASCIMENTO, R. S.;
Agroecologia: Mudança de Paradigmas no Distrito Federal. Rev. Bras. De
Agroecologia/nov. 2009 Vol. 4 No. 2
TAGLIARI, P. S. SITUAÇÃO ATUAL E
PERSPECTIVAS DA GROECOLOGIA Projeto Agroecologia da Epagri. Florianópolis- SC.
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